As direções do Amor...


Aqueles que assistiram e se recordam do filme “O Curioso Caso de Benjamim Button” (Um conto épico que contempla... nascimento e morte e, acima de tudo, amor), podem bem compreender esta breve reflexão que aqui faço. A aventura do encontro, a conquista e o fascínio do coração que vem de uma nova descoberta afetiva, as possibilidades reais e tão perto de se trilhar a esperada felicidade no amor, tudo é constitutivo das esperas do coração humano. Mas é este mesmo coração, um pouco sensato, que reconhece o desafio do desconhecido e os medos do fracasso e sofrimento, afinal, quem pode nos dizer quem é o outro e se o é para nós se não o passo a passo? Porém, quem pode barrar o amor quando um se encontra no outro? Talvez tudo isto seja mesmo um processo de identificação natural, óbvio, embora não tão fácil, especialmente em nossos dias. Já a incompatibilidade no amor, na idade, na cultura, na história de vida, nos valores - defendem alguns apaixonados - pode ser superada, desde que o amor seja sincero e a escolha mútua. Esta nova comunhão deve gerar um objetivo comum, aliás, como me disse uma amiga: “Quando amamos alguém, corremos todos os riscos pelo outro e com o outro!” Dayse se encontra no “drama de uma incompatibilidade”, e não se trata de idades opostas e que avançam, mas de dois sentidos e um só amor, duas direções em uma relação. Um ama envelhecendo, outro rejuvenescendo. Escolhas traçam suas vidas, separações possíveis, mas o amor entre ambos deixou uma marca indelével. E o mistério é que os corações que vivem este processo não negam que amaram e foram amados, mas duas direções... Talvez esse amor se pareça um pouco com o amor de Dante por sua Beatriz. Enfim, como entender essas marcas? Não sabemos, porque elas não são literatura, são vivência e risco, são espera e encontro, desencontros e esperança. O amor, quando escolhe duas direções, como entender? Resta-nos fazer uma pequena prece: “Fazei, Senhor, que os que estão na mesma direção amem juntos rejuvenescendo e envelhecendo”. 
Ant. Marcos

Em santidade... Não amanhã, mas hoje!


Faço minhas as palavras da letra da canção “Em Santidade”, de Walmir Alencar (Ministério Adoração e Vida, por sua vez, uma melodia ungida, profética e querigmática que me tem despertado não apenas o desejo de cantá-la, mas, principalmente, o desejo de meditar e rezar com essas linhas, na sua forte mensagem de apelo à revisão de vida e conversão. Sim, somente em santidade, Senhor, tua graça posso alcançar e romper com as trevas. Quando, afinal, irei compreender? Ajuda-me a viver a decisão do jovem Agostinho de Hipona: “Não amanhã, mas hoje, hoje eu decido querer esta vida nova, ajudado por tua graça!” Deixo então a canção nos falar...
“Como posso esperar que meus sonhos e meus planos aconteçam? Como irei compreender? Se minha vida passa longe da verdade que eu ouvi e os meus passos já não tocam os caminhos que aprendi. Meu argumento me empobrece e me faz pensar assim, que estou tão certo e é perfeito o meu jeito de servir. Digo que amo minha Igreja e o chamado que atendi, mas já não ouço os conselhos e a Palavra que há em mim. Sonho que um dia a Boa Nova se espalhe até os confins, mas sem santidade, sem fidelidade toda obra ruma ao fim. Em santidade, em santidade... tua graça posso alcançar e romper com as trevas. (...) Quando irei compreender?”
Ant. Marcos

Descansar, esperar, sair...


A volta que fiz desta vez foi ao “Velho e o Mar” e ali, naquelas páginas vivas, naquela odisséia tão concreta e tão atual está um pouco e muito de minha vida. Um barquinho em alto mar... um velho, dois remos, o leme e o pequeno martelo. Para onde iremos? A pergunta não é ao vento, mas ao meu coração e ao “instinto do tubarão”. Um depende do outro. Ora penso que o peguei, ora penso que ele me fisgou. “Meu amigo tubarão”, ele não pode saber que o velho está cansado por dentro, mas que continuará lutando, porque “destruição é uma coisa, derrota é outra”. “Mas eu preciso pensar”, digo como o velho. “É tudo o que me resta!”. Sim, quando os livros silenciam, quando o céu está com muitas nuvens e o mar agitado, quando nenhum amigo veio comigo e tenho um grande desafio a superar, então tenho que pensar, “não naquilo que não se tem, mas, antes, no que fazer com aquilo que se tem”. Eu tenho um barquinho..., estou longe, mas orientado; sei a direção, conheço a solidão, mas não me desfiz da criatividade, muito menos da esperança. Que loucura meu velho, você é tão feliz e não sabia! Tua primorosa isca, obra gigantesca, perdera-a para alimentar famintos outros tubarões... Tua única preocupação deve ser com a direção... Vento, tu és um bom amigo. Aliás, um bom amigo esperando é o melhor que quero encontrar. Depois descansar, esperar passar a brisa forte e sair para pescar outra vez, mas agora juntos..., juntos... Meu Velho, você é feliz, não esqueça isto!
Ant. Marcos