O coração naquilo que permanece...



"Aproveite-nos, ó Deus, a participação nos vossos mistérios. Fazei que eles nos ajudem a amar desde agora o que é do céu e, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam" (Oração depois da Comunhão - I Dom. do Advento, Ano B). Sempre amei demais esta linda e forte oração própria do Tempo do Advento. Tenho por este tempo uma grande admiração, porque me ajuda a voltar à consciência de que minha vida precisa ser de esperança, sobretudo na minha conversão. Sim, eu espero amar mais, espero ser santo, a reconciliação com os que ofendi e me ofenderam; espero ser mais útil às pessoas e respeitar seus sentimentos e escolhas; espero ser instrumento e ponte para que o Evangelho chegue aos outros; espero o encontro, a partida, o recomeço, a obra nova das maravilhas de Deus; espero que o mundo seja melhor, que as pessoas sejam mais toleráveis e pacientes; espero a valorização da Família, do Matrimônio, do Sacerdócio; espero a conversão dos meus, o encontro dos corações, a prevalência da verdade sobre toda mentira, da transparência sobre toda falsidade; Espero a Unidade na Igreja, espero através da Igreja que a comunhão seja cada dia possível. Espero o Natal, espero Jesus, espero os mais pobres, os que sofrem, os que desacreditaram de tudo e de todos... Espero com fé, espero na alegria cristã. É tempo de Advento e meu coração se renova. "Ó vem, Senhor, não tardes mais, vem saciar a nossa sede de paz!" Ensina-me a "caminhar entre as coisas que passam, abraçando as que não passam!" Maria, Mãezinha, Virgem da Esperança, intercedas por nós e nos ajude a colocar sempre o coração naquilo que permanece, sem deixar de viver bem o que hoje nos exige doação de vida.

Feliz Tempo do Advento para todos os amigos e amigas deste espaço de fé!
Ant. Marcos

Um lugar ao Sol...



“Cresce tudo que se planta sob a luz do eterno Sol...”. Lembrava-me nesses dias desta letra que tem uma bonita melodia. Uma canção litúrgica que ficou bem conhecida por expressar no ofertório a dança da vida, ou seja, o movimento do doar-se a Deus com tudo o que temos e somos, reconhecendo que o fruto do labor é transformado no mistério de Deus, torna-se eucaristia. Ele opera em nós a gratuidade do Seu amor, da dança da misericórdia para conosco, pobres pecadores. Sim, cresce tudo que se planta sob a luz do eterno Sol, inclusive o perdão, a reconciliação. Nascer de novo, brotar, crescer é uma necessidade aqui dentro de mim. Vejo os movimentos da terra, sinto as transformações..., a vida tem necessidade de evoluir para o bem, para a conversão, para o cultivo de tudo o que edifica. Por isso é que me exponho a esta luz, a este Sol. Um lugar ao sol, “não como réu”, mas como filho, é o que neste tempo peço a Deus.  

Ant. Marcos

Escrever: diálogo com os sonhos e esperanças...



Minhas primeiras linhas nasceram com a necessidade de expressar os movimentos do meu coração, fossem alegres ou dolorosos. Escrever era uma forma de dialogar comigo mesmo, com meus sonhos e esperanças. Papéis que foram escritos somente para mim, em dias de escombros ou de grandes alegrias. Papéis que se perderam com o tempo, outros que ainda permanecem em mãos, ainda que estejam amarelados e quase sem visibilidade. Assim se desenvolveu um talento, o qual considero tão limitado, mas, sei que Deus tem se utilizado dele para levar um pouco de luz e esperança para muitas pessoas, o que me enche de gratidão. Tudo é graça! Escrever é mais que "erudição", mas uma arte do coração e da alma, uma escola de amor e aprendizado, de purificação, descobertas e saltos maravilhosos. Nunca desejei que minhas linhas fossem "públicas", apenas escrevia para os amigos e já era tudo. Foram eles, na percepção do dom, que insistiram para que essas linhas chegassem aos outros. Resolvi escutá-los, tarefa indispensável para quem escreve. Escrevo partilhas, falo sempre na perspectiva da fé porque quero servir ao Evangelho com o muito que Deus me concedeu. "É a tua face, Senhor, que eu procuro!" (Sl 27,8).

Ant. Marcos

Flores entre as rochas...


Fui ao Cemitério rezar pelos meus parentes falecidos e participar da Santa Missa. Sentei próximo à lápide e fiquei em silêncio, pensando na vida, pensando no céu, pensando nos que eu amava e se foram. A partida, a distância, o tempo, a saudade. E lembrei tanto da vida de Jesus, do seu encontro com aquele cortejo de Naim, com Marta e Maria diante da morte de seu amigo Lázaro. Pensei naquela sexta-feira em que disse: "Pai, em tuas mãos entrego meu espírito!" Pensei no Seu encontro com Adão e Eva, e naquela manhã de Domingo: "Já não chores, Jerusalém, a alegria voltou, teu Senhor está vivo! Ele ressuscitou!" Obrigado, Senhor, a morte não teve a última palavra e nunca terá para quem acredita no Teu nome. Flores entre as rochas, vida nova! Tua vida, Senhor, vencendo nossas mortes. Cidadãos do Céu! Estrangeiros aqui, somos todos!

Ant. Marcos